quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

7. final da colonia

Perdi a voz no segundo dia de aula e passei a me comunicar com apitos e sinais. Por causa da dor de cabeça, aderi aos protetores de ouvido de silicone e à respiração iogue. Para passar o tempo, eu levava bolas e gritava: já! Essa palavra mágica fazia com que as crianças corressem, gritassem, jogassem a bola para o alto, jogassem bolas uns nos outros, corressem atrás da bola, gritassem "bola", gritassem "aaaaaaaaaaa" e eu continuasse numa mínima paz interior.

A diretora pediu que eu fizesse um teatrinho - aliás descobri que me formei em teatrinho nessa hora, sempre me pediam para "fazer um teatrinho, um jogral, sei lá qualquer coisa para passar o tempo". Podia fazer palavras cruzadas ou jogar baralho também, tanto faz. Eu aleguei que seria necessário mais tempo para isso. O teatrinho ficaria para uma próxima vez - que eu já imaginava que não existiria próxima vez.

O professor de educação física, conseguiu uma verba para alugar um som, e fazer uma festa na quadra. Aliada a verba do lanche especial - cachorro quente e refrigerante faríamos uma super festa. Fui convocada para animar a festa. Oi? Vamos lá fazer um teatrinho... Subi no palco e comecei a contar uma história para as crianças menores, o microfone ficou sem pilha, era impossível ouvir o que eu falava e tentei me esgoelar para acabar a historia para a unica criança que continuava olhando para mim. Continuava ali porque não andava sozinha. As demais foram pegar picolé que a colonia conseguiu com a associação de moradores (ou com o dono do local) não entendi direito. O fato é que chegaram dois assistentes do professor e foram para o palco. de short mínimo e as meninas de top, com os piercings todos de fora o trio (Los Angeles ?) começou a dançar no palco, causando um frisson nas crianças. O que quero dizer com dançar seria mais sacudir a bunda, fazendo agachamentos e movimentos pélvicos, a maioria de costas para o público, os frontais eram acompanhados de dedos nos lábios e mãos nos seis e genitália. Ok.
As professoras batiam palmas, a diretora batia palmas, e todos estavam felizes. Depois o professor de geografia subiu no palco e imitou o seu Peru do Zorra Total, causando uma enorme gargalhada. Minha diretora foi franca comigo: Você não imita ninguém do Zorra Total? Eu disse que não. Nem a velha surda da praça? Eu respondi que não e ela: Mas não sabe dançar essas danças bacanas? Eu disse que não e ela soltou a pérola: Mas você faz o que então?

É eu não sabia fazer nada.



2 comentários:

  1. Patrícia, querida, seu blog é muito engraçado. Também sou professora da rede municipal do rio e consegui visualizar tudinho o que vc descreve. Mas me responde uma coisa: isso aconteceu mesmo? rsrsrs Loucura!!!

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  2. calma liliane..... é um blog de humor.... há um certo exagero em tudo isso... mas se aconteceu de verdade? bem vc sabe que as histórias da realidade barram qualquer ficção que a gente invente. posso ir no seu blog também? beijos

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